O código perfeito NÃO existe – e está na hora de aceitar isso



This content originally appeared on DEV Community and was authored by Gustavo da Rosa Oliveira

Durante minha trajetória profissional, muitas vezes me vi em busca de um objetivo utópico: escrever o código perfeito. Refatorava, revisava, reescrevia. Olhava para cada detalhe como se, em algum momento, existisse um estado ideal em que o código finalmente fosse intocável. Adivinha? Esse momento nunca chegou.

E não é porque eu falhei. É porque o código perfeito NÃO existe.

O que existe é o melhor código possível dentro do contexto atual: considerando as prioridades da companhia, as pressões de negócio, o tempo de entrega e até a maturidade do time. A obsessão pelo “código perfeito” é perigosa porque ignora uma realidade simples: nós, desenvolvedores, somos protetores do código, sim, mas também somos entregadores — e somos pagos para entregar valor. Isso significa que, o tempo todo, precisamos equilibrar qualidade x entrega.

Nosso papel não é buscar a perfeição inalcançável, mas fazer escolhas conscientes, entendendo quando vale investir mais em qualidade e quando a prioridade é colocar valor na mão do cliente.

Aprendi que a melhor estratégia é simples e poderosa: sempre deixar a casa (o código) um pouco melhor do que encontramos. Nem que seja 1%. Uma função mais legível, um teste a mais, uma dependência desnecessária a menos. Esses pequenos avanços, somados no tempo, criam sistemas sustentáveis, que conseguem evoluir sem virar um pesadelo para o time.

Então, se você ainda está em busca do código perfeito, aceite: ele não existe. O que existe é a disciplina de cuidar do código todos os dias sem esquecer que o nosso trabalho é entregar valor — porque no final das contas, perfeição é ilusão, já a evolução constante é uma escolha.

Boas práticas para equilibrar qualidade e entrega

Se não existe código perfeito, o que podemos fazer na prática? Algumas atitudes simples no dia a dia ajudam muito:

  1. Usar nomes claros e autoexplicativos

    // Evite:
    var l = Calculate(x, y);  
    
    // Prefira:
    var totalPrice = CalculateTotalPrice(unitPrice, quantity);
    
  2. Fazer bom uso do DRY (Don’t Repeat Yourself), evitando duplicações desnecessárias

    // Evite duplicar a mesma lógica em vários pontos
    if (order.Total > 1000) { ApplyDiscount(order, 0.05m); }
    
    if (invoice.Total > 1000) { ApplyDiscount(invoice, 0.05m); }
    
    // Prefira extrair para um método único
    private void ApplyDiscountIfEligible(IHasTotal entity)
    {
        if (entity.Total > 1000) 
            ApplyDiscount(entity, 0.05m);
    }
    
  3. Fazer pequenos refactors contínuos
    • Quebre um método gigante em dois menores
    • Extraia uma validação repetida para uma função
    • Remova código morto

  4. Criar testes automatizados para o que é crítico

    [Fact]
    public void CalculateTotalPrice_ShouldApplyDiscount_WhenTotalGreaterThan1000()
    {
        var service = new OrderService();
        var result = service.CalculateTotalPrice(200m, 6); // 1200
        Assert.Equal(1140m, result); // 5% de desconto
    }
    

⚡ Pare de caçar a perfeição inalcançável. O verdadeiro jogo é entregar valor hoje e deixar o código preparado para evoluir amanhã.


This content originally appeared on DEV Community and was authored by Gustavo da Rosa Oliveira