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1 INTRODUÇÃO
Na engenharia de software, a escolha da arquitetura é uma das decisões mais importantes no ciclo de vida de um projeto. Ela é responsável por definir a estrutura do sistema, influenciando diretamente sua manutenibilidade, escalabilidade e capacidade de evolução.
Este artigo é um estudo sobre a Arquitetura Monolítica, e para isso, será apresentada sua fundamentação teórica, suas principais características, vantagens e desvantagens comparada com outros modelos, e por fim, será concluído sua relevância no cenário atual do processo de desenvolvimento de software.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Definição e Características
Uma aplicação monolítica é aquela em que todo o código está contido em uma única base, formando uma unidade coesa e interdependente. A interface com o usuário, as regras de negócio e a camada de acesso ao banco de dados estão todas “no mesmo pacote”. Para realizar a implantação, todo esse pacote é compilado e enviado para o servidor de uma só vez.
A Amazon Web Services (AWS, 2022) descreve essa arquitetura como uma abordagem na qual uma aplicação é construída como uma única unidade, onde processos são fortemente acoplados e executados como um serviço único. Isso significa que, se qualquer componente da aplicação precisar de uma atualização, toda a aplicação precisará ser reconstruída e reimplantada. Essa natureza unificada resulta em um alto acoplamento, ou seja, as diferentes partes do sistema dependem fortemente umas das outras.
2.2 Vantagens da Abordagem Monolítica
A simplicidade no desenvolvimento e na depuração é, talvez, o maior trunfo. Com um único projeto em mãos, o ciclo de codificar, testar e fazer o “build” é direto. Rastrear um bug através de um stack trace unificado é muito mais simples do que investigar uma falha que se espalha por múltiplos serviços distribuídos. Como Martin Fowler (2014), outra referência na área, defende que iniciar um projeto com um monólito pode ser uma estratégia inteligente para validar uma ideia de negócio rapidamente, sem a complexidade de uma infraestrutura distribuída.
A implantação descomplicada é outro benefício significativo. O processo consiste em implantar um único arquivo ou diretório em um servidor de aplicação. Isso elimina a complexidade operacional de orquestrar múltiplos serviços, como ocorre em arquiteturas de microsserviços.
Outro ponto forte do monólito é a alta performance na comunicação interna. A Microsoft (2022), em seu guia de arquitetura de aplicações, destaca que um dos benefícios do design monolítico é que toda a comunicação entre os componentes é realizada em processo. Isso evita a sobrecarga e a latência de rede, que são um desafio constante em arquiteturas distribuídas.
2.3 Desafios e Desvantagens
O problema do monólito geralmente não aparece no início do projeto, mas sim quando ele começa a crescer. As mesmas características que o tornavam simples se transformam em obstáculos.
O principal desafio é a escalabilidade. Para escalar um monólito, é preciso replicar toda a aplicação em múltiplos servidores. Não é possível escalar apenas a parte do sistema que está sob maior carga. Como aponta a documentação da Microsoft (2022), “a abordagem monolítica pode ser um obstáculo para o crescimento, pois escalar componentes individuais da aplicação não é uma opção”.
A manutenção também se torna um pesadelo. Com o tempo, a base de código pode virar uma grande confusão, onde ninguém entende completamente as dependências. Fazer uma pequena alteração pode quebrar uma parte inesperada do sistema, e o tempo de build e deploy aumenta drasticamente, matando a agilidade.
Por fim, a adoção de novas tecnologias é extremamente restrita. A aplicação está presa a uma única pilha tecnológica (linguagem, banco de dados, framework). Modernizar ou experimentar novas tecnologias para um módulo específico exige um esforço massivo de reengenharia, muitas vezes inviabilizando a inovação.
3 CONCLUSÃO
A arquitetura monolítica é o ponto de partida natural para a maioria das aplicações de software devido à sua simplicidade de desenvolvimento, implantação e testes iniciais. Seus benefícios são inegáveis para projetos de pequeno a médio porte, equipes enxutas e, especialmente, para a criação de Produtos Mínimos Viáveis (MVPs), onde a velocidade de entrega é prioritária.
Contudo, os desafios relacionados à escalabilidade, manutenção e flexibilidade tecnológica tornam essa abordagem menos adequada para sistemas complexos e de grande escala, que necessitam de evolução constante e escalabilidade granular.
A decisão de adotar uma arquitetura monolítica não deve ser vista como um erro ou um passo atrás, mas sim como uma escolha estratégica baseada no contexto do projeto. Muitos sistemas de sucesso começaram como monólitos e, apenas quando a complexidade justificou o custo, evoluíram para arquiteturas mais distribuídas. Portanto, a arquitetura monolítica continua sendo um padrão fundamental e relevante, cujo conhecimento é essencial para qualquer profissional de tecnologia.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOWLER, Martin. MonolithFirst. 2014. Disponível em: https://martinfowler.com/bliki/MonolithFirst.html. Acesso em: 26 set. 2025.
AWS (AMAZON WEB SERVICES). O que é arquitetura monolítica?. 2022. Disponível em: https://aws.amazon.com/pt/what-is/monolithic-architecture/. Acesso em: 26 set. 2025.
MICROSOFT. Monolithic applications. 2022. Disponível em: https://learn.microsoft.com/en-us/dotnet/architecture/modern-web-apps-azure/choose-between-traditional-web-app-and-spa#monolithic-applications. Acesso em: 26 set. 2025.
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