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1. Conceito básico de integração de dados
Na área de desenvolvimento de software, a integração de dados cumpre o papel de unir informações que estão distribuídas em diferentes sistemas, banco de dados ou aplicações e que precisam ser acessadas, utilizadas, modificadas e analisadas de forma consistente e conjunta.
Basicamente, é fazer com que sistemas distintos tenham a possibilidade de trocar informações de forma coesa, sincronizados e de maneira confiável.
2. Por que a integração de dados é essencial?
Atualmente, de forma geral, praticamente nenhuma empresa funciona apenas com um sistema. É natural que, com o avanço das tecnologias e mercado, a introdução de outras ferramentas dentro do ambiente de desenvolvimento seja algo natural e esperado. Exemplos de aplicações que partem dessa ideia são:
CRM (Customer Relationship Management) atuando na parte de vendas, armazenamento de contatos, interações e atendimento.
ERP (Enterprise Resource Planning) sistema integrado que centraliza a gestão dos processos internos de uma empresa, como finanças, estoque, compras, RH e produção.
Sistemas de vendas online que são plataformas para realizar vendas pela internet, integrando catálogo de produtos, pagamento, envio e atendimento.
Aplicativos móveis que atuam como softwares desenvolvidos para rodar em dispositivos móveis (smartphones e tablets), oferecendo funcionalidades acessíveis em qualquer lugar.
Ferramentas de BI para análise que permitem coletar, organizar e visualizar dados para análise estratégica e tomada de decisão.
Cada uma dessas ferramentas gera dados importantes. Se esses dados não forem integrados:
- Informações ficam duplicadas ou inconsistentes
- Decisões são tomadas com base em dados errados ou incompletos
- Processos ficam manuais e lentos (exemplo: digitação repetida)
- A experiência do usuário piora (exemplo: demora na atualização do status do pedido)
Então, a integração de dados permite automatizar processos, reduzir erros e melhorar a visão global do negócio.
3. Exemplo prático do dia a dia: Uma compra em loja online
Vamos agora analisar um fluxo relativamente comum dentro de uma compra online e entender como a integração de dados entre sistemas é algo essencial para todo o processo funcionar de forma automática, segura e sem erros.
Etapa 1: Pedido registrado no sistema de vendas (E-commerce)
Assim que o cliente finaliza a compra, o front-end do site envia os dados (via REST API ou GraphQL) para o back-end do sistema de vendas, onde é criado um novo registro de pedido.
Após a finalização da compra pelo usuário do sistema web, o front-end faz o envio dos dados (via REST API) para o back-end do sistema de vendas, e em sequência, é gerado um registro de pedido.
Dados gerados:
- ID do cliente
- Itens comprados (nome, quantidade, preço)
- Forma de pagamento
- Endereço de entrega
- Timestamp da compra
Integração envolvida:
Webhook ou mensageria (ex: Kafka, RabbitMQ) envia o evento “pedido criado” para os demais sistemas.
Etapa 2: Atualização do estoque (ERP)
O sistema de estoque (geralmente parte do ERP) precisa ser atualizado imediatamente para refletir a saída do produto, evitando overselling (vender o que não tem).
Assim que o pedido é finalizado pelo cliente, o sistema do estoque (geralmente parte do ERP) precisa sofrer atualização de forma imediata para refletir a saída do produto do estoque e, por consequência, evitar o que conhecemos por overselling (vender o que não está disponível).
Processo técnico:
- Serviço de estoque consome mensagem do broker (ou recebe chamada via API)
- Verifica disponibilidade dos produtos
- Atualiza o saldo do estoque no banco
- Pode disparar alerta de reposição automática se o estoque estiver abaixo do mínimo
Integração usada:
APIs RESTful (com autenticação JWT ou OAuth2)
Mensageria (event-driven architecture)
Etapa 3: Emissão da nota fiscal e faturamento (Financeiro)
O sistema financeiro precisa gerar a nota fiscal eletrônica (NF-e) e registrar o faturamento do pedido.
Processo técnico:
- Recebe os dados da venda via fila ou integração com o sistema de vendas
- Consulta dados fiscais do cliente (CNPJ, endereço, regime tributário)
- Gera XML da NF-e e transmite para a SEFAZ via Web Service
- Salva a NF autorizada no sistema
- Atualiza o status de faturamento do pedido
Pontos críticos:
- Validação de schema XML da NF-e
- Comunicação com a SEFAZ pode ter latência ou falhas
- Necessidade de reprocessamento automático em caso de erro
Etapa 4: Envio dos dados para o sistema de logística (app de entrega)
O sistema de logística (interno ou terceirizado) deve receber as informações do pedido e destino para agendar a coleta e entrega.
Dados enviados:
- Nome do cliente, telefone, endereço completo (CEP, número, complemento)
- Janela de entrega
- Código de rastreio
- Status atual (ex: aguardando coleta)
Integração comum:
- API externa de transportadora (REST com token)
- Webhook para atualizações de status (pedido em rota, entregue, etc.)
- Retentativas com backoff exponencial em caso de falha
Sem integração: os problemas
Sem um sistema de integração entre essas etapas, os dados precisam ser:
- Inseridos manualmente (propensos a erros humanos)
- Exportados/importados via planilhas (ineficiente)
- Atualizados com atraso (cliente não sabe o status real)
Consequências:
- Atrasos nas entregas
- Estoque inconsistente
- Notas fiscais emitidas incorretamente
- Experiência ruim para o cliente
- Perda de vendas e reputação
Com integração: o que se ganha
- Automação de ponta a ponta (end-to-end)
- Alta confiabilidade e rastreabilidade
- Escalabilidade para lidar com picos de pedidos (ex: Black Friday)
- Visibilidade em tempo real do processo completo (monitoramento)
- Redução de custos operacionais
4. Tipos comuns de integração de dados
a) Integração Pontual (Batch)
- Dados são integrados em lotes, em horários programados (ex: toda noite)
- É simples e barato, mas não é em tempo real
- Exemplo: sincronizar cadastro de clientes entre dois sistemas uma vez por dia
b) Integração Contínua
- Integra dados constantemente, quase em tempo real
- Usa filas, mensagens ou APIs para enviar atualizações assim que acontecem
- Exemplo: sistema de vendas atualiza estoque imediatamente após cada compra
c) Integração em Tempo Real (Real-Time)
- Dados são trocados instantaneamente, com latência mínima
- Usada em sistemas críticos que precisam de resposta imediata
- Exemplo: transações bancárias entre sistemas diferentes, monitoramento de sensores IoT
5. Tecnologias e padrões comuns usados na integração de dados
- APIs REST / SOAP: interfaces para sistemas se comunicarem
- Mensageria (Kafka, RabbitMQ): troca assíncrona de mensagens entre sistemas
- ETL / ELT: processos de extração, transformação e carga de dados para data warehouses
- ESB (Enterprise Service Bus): barramento de integração que gerencia fluxos de dados
- Data Streaming: processamento contínuo de dados em movimento
6. Considerações finais para um desenvolvedor
- Entenda primeiro todos os requisitos mínimos do negócio para, assim, escolher a forma de integração de dados
- Procure garantir consistência, segurança e integridade aos dados em trânsito
- Busque aprimorar seus conhecimentos em protocolos e padrões (HTTP, JMS, JSON, XML)
- Aprenda a trabalhar com middleware e ferramentas de integração
- Saiba lidar com monitoramento, tratamento de erros e escalabilidade
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